Dia do Servidor Público: RJ, Alagoas, Amapá e Santa Catarina transferem ponto facultativo para 31 de outubro

Dia do Servidor Público: RJ, Alagoas, Amapá e Santa Catarina transferem ponto facultativo para 31 de outubro

Em 2025, o tradicional Dia do Servidor Público — celebrado desde 1939 — não caiu onde todos esperavam. Enquanto alguns estados mantiveram a data original de 28 de outubro, outros fizeram um movimento inusitado: transferiram o ponto facultativo para a sexta-feira, 31 de outubro. O Rio de Janeiro, Alagoas, Amapá e Santa Catarina foram os mais ousados, escolhendo a última sexta do mês para dar aos servidores um fim de semana prolongado. E não foram os únicos. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE), por meio da Portaria nº 916 de 19 de dezembro de 2024, também adiou o ponto facultativo para o dia 31, garantindo que prazos processuais que terminariam naquela sexta fossem automaticamente prorrogados para 3 de novembro.

Uma divisão nacional: 27, 28 ou 31 de outubro?

A decisão de mover o ponto facultativo não foi uniforme. Enquanto quatro estados e o TSE escolheram o fim de semana longo, o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) antecipou a folga federal para 27 de outubro, por meio da Portaria MGI nº 9.873/2024. E os estados seguiram a liderança: Acre, Amazonas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Pará, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Sul, Rondônia, São Paulo, Sergipe, Tocantins e o Distrito Federal também adiantaram o feriado para a segunda-feira, 27. Isso deu origem a um feriadão de quatro dias — de sexta a segunda — em quase metade do país.

Por outro lado, três estados decidiram manter a tradição: Mato Grosso, Paraná e Roraima celebraram o dia exatamente em 28 de outubro. Já Mato Grosso do Sul gerou confusão: enquanto a Gazeta do Povo relatou que o estado transferiu a data para 1º de novembro, outra fonte, a Veja, apontou 21 de novembro. A discrepância ainda não foi esclarecida oficialmente — e isso, por si só, mostra como a gestão desses pontos facultativos é mais caótica do que parece.

Por que tanto movimento?

A explicação é simples: folga estendida. Ninguém quer perder um dia de descanso por cair em uma terça-feira. E com o calendário de 2025 sendo tão apertado, governos estaduais e federais viram na transferência uma oportunidade de dar aos servidores um descanso mais útil — e, por que não dizer, mais rentável para a economia local. Restaurantes, postos de gasolina, shoppings e viagens regionais tendem a crescer quando há um fim de semana prolongado. É um efeito cascata que vai além do funcionalismo público.

Isso não é novidade. Em 2023, São Paulo e Minas Gerais fizeram o mesmo. Em 2022, o Espírito Santo transferiu o ponto para uma quinta-feira, criando um “feriadão de quatro dias” com o feriado de Nossa Senhora Aparecida. A lógica é sempre a mesma: evitar dias isolados. Afinal, quem quer trabalhar na terça, descansar na quarta e voltar na quinta? É como se o dia não existisse.

O que muda na prática?

Importante lembrar: o Dia do Servidor Público não é um feriado nacional. É um ponto facultativo. Isso significa que empresas privadas, lojas, supermercados, bancos e escolas particulares funcionam normalmente. Apenas os órgãos da administração pública — direta, autárquica e fundacional — têm a liberdade de fechar. E mesmo assim, os serviços essenciais não param. Hospitais públicos, polícias, coleta de lixo e atendimento de urgência seguem em funcionamento, como determina o MGI. Cabe a cada secretário ou diretor decidir quais funções são indispensáveis — e quem precisa trabalhar.

No TSE, a situação é mais rígida. Com o calendário eleitoral apertado, a corte precisou garantir que processos não ficassem parados. Por isso, todos os prazos que terminariam em 31 de outubro foram automaticamente estendidos para 3 de novembro. As sessões ordinárias, por sua vez, foram remarcadas para 4 de novembro (às 19h) e 6 de novembro (às 10h). Nada de decisões judiciais atrasadas — só os servidores que descansam.

Origem e regulamentação: mais do que um dia de folga

O Dia do Servidor Público foi instituído em 1939 pelo decreto-lei nº 1.713, que reconheceu a importância da função pública na construção do Estado brasileiro. Mais tarde, em 1943, o decreto-lei nº 5.936 consolidou essa data. Hoje, a carreira é regida pela Constituição Federal e pela Lei nº 8.112/1990, o chamado Estatuto dos Servidores Públicos. Um ponto crucial: esses profissionais não trabalham para governos de turno. Eles trabalham para a população. E isso, em tempos de desconfiança nas instituições, vale a pena lembrar.

Ainda assim, a forma como as datas são manipuladas — ora antecipadas, ora adiadas — revela algo mais profundo: a falta de um calendário único e coerente. Cada estado age como se fosse um reino independente. E, no fim, o cidadão fica perdido. Quem mora em São Paulo e viaja para o Rio de Janeiro em 31 de outubro? Vai encontrar o governo fechado, mas o comércio aberto. É confuso. E desnecessário.

O que vem a seguir?

A tendência de transferir pontos facultativos para criar feriadões deve continuar. Em 2026, com o Dia do Servidor Público caindo em uma quarta-feira, é quase certo que mais estados vão buscar uma sexta ou segunda para o descanso. Mas talvez seja hora de uma reflexão: será que a data precisa ser movida? Ou o que realmente importa é reconhecer o trabalho desses profissionais todos os dias — e não apenas em um calendário ajustado para o turismo e o consumo?

Frequently Asked Questions

Por que o Dia do Servidor Público não é feriado nacional?

Porque o Dia do Servidor Público é um ponto facultativo, não um feriado legal. Isso significa que apenas órgãos da administração pública podem fechar, e mesmo assim, não é obrigatório. Empresas privadas, comércio e serviços funcionam normalmente. A decisão de conceder folga cabe a cada órgão ou estado, o que explica a disparidade entre as datas.

Quais órgãos federais fecharam em 31 de outubro de 2025?

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) foi o único órgão federal que adotou oficialmente o dia 31 de outubro como ponto facultativo. O Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) antecipou o ponto para 27 de outubro. Demais órgãos federais seguem a orientação do MGI, exceto quando há decisão específica, como no caso do TSE, que tem autonomia para definir seu calendário.

Como isso afeta os prazos jurídicos?

Quando um prazo jurídico termina em um dia de ponto facultativo, ele é automaticamente prorrogado para o primeiro dia útil subsequente. No caso do TSE, prazos que terminavam em 31 de outubro foram estendidos para 3 de novembro. Isso evita que cidadãos e advogados percam direitos por causa de um calendário ajustado. É uma proteção legal, não um benefício.

Por que Mato Grosso do Sul tem datas diferentes nas notícias?

Ainda não há uma declaração oficial do governo de Mato Grosso do Sul confirmando a data exata do ponto facultativo. Enquanto a Gazeta do Povo aponta 1º de novembro, a Veja menciona 21 de novembro. Essa discrepância pode ser um erro de reportagem ou uma mudança recente não divulgada. O cidadão deve sempre consultar o site do governo estadual para confirmar, pois informações de mídia nem sempre são atualizadas.

Servidores que trabalham em 31 de outubro recebem compensação?

Sim. Segundo a Lei nº 8.112/1990, se o servidor for obrigado a trabalhar em um dia de ponto facultativo, ele tem direito a compensação em outro dia, ou a pagamento de hora extra, conforme o regime de trabalho. Isso vale para todos os níveis — federal, estadual e municipal. A gestão interna é responsável por garantir esse direito, mesmo em serviços essenciais.

O que os servidores podem fazer em um ponto facultativo?

Nada de obrigatório. O ponto facultativo é um direito de descanso, não uma exigência de lazer. Alguns aproveitam para viajar, outros para cuidar de assuntos pessoais, e muitos simplesmente descansam. O governo não pode exigir atividades — nem mesmo virtuais — durante esse período. A ideia é que o servidor recarregue, não que trabalhe em home office por "boa vontade".

17 Comentários
  1. Francini Rodríguez Hernández

    Nossa, finalmente um feriadão que faz sentido! Foi só eu que fiquei feliz por ter uma sexta livre pra dormir até tarde?

  2. Willian Paixão

    Realmente, essas transferências não são só sobre folga. É sobre reconhecer que as pessoas precisam de descanso real, não só um dia no meio da semana que ninguém lembra. Afinal, ninguém merece trabalhar na terça só pra descansar na quarta.

  3. Leandro Almeida

    Mais uma prova de que o Estado brasileiro é uma máquina caótica. Cada estado age como se fosse um país diferente. E o pior? O cidadão é quem paga o preço da desorganização. Isso não é gestão, é teatro.

  4. Bruna Oliveira

    A transferência do ponto facultativo pra 31 é um símbolo da decadência da burocracia moderna. O Dia do Servidor Público deveria ser um momento de reflexão, não um cálculo de ROI turístico. O que era valor se tornou marketing.

  5. Rayane Martins

    Se o governo quer valorizar o servidor, que comece por pagar direito e dar estrutura. Não adianta dar um feriadão e manter o caos nos hospitais e nas escolas. Descanso não é esmola.

  6. gustavo oliveira

    Vale lembrar que o ponto facultativo não é só pra quem trabalha no governo. É um momento que estimula economia local. Posto de gasolina, restaurante, hotel, tudo ganha. E isso é bom pro país inteiro.

  7. Caio Nascimento

    Eu entendo a lógica... mas, por que não deixar o dia 28 como é, e simplesmente dar um feriado extra, se o calendário estiver ruim? Isso aqui é uma confusão desnecessária.

  8. Rafael Pereira

    Acho que o mais importante é que o servidor tenha direito a descanso, independentemente da data. O que importa é o respeito. E se o governo quer que a gente valorize esses profissionais, que comece por ouvir eles, e não só por ajustar o calendário.

  9. Naira Guerra

    Eles falam em ‘economia local’, mas esquecem que muitos servidores precisam trabalhar nesse dia. E não ganham nada a mais. Só um dia de folga que não é nem garantido.

  10. Manuel Silva

    O TSE foi o único que fez direito. Prorrogou os prazos e não criou confusão. Os outros só querem um fim de semana longo e esquecem que isso gera desigualdade.

  11. Flávia Martins

    e mato grosso do sul? qnd é o dia? ta confuso demais

  12. José Vitor Juninho

    Acho que ninguém tá errado, só que o sistema tá mal feito. Se cada estado pode decidir, deveria ter um site único, atualizado, com todas as datas. Mas não, tem que procurar em cinco sites diferentes e ainda assim não achar a certeza.

  13. Maria Luiza Luiza

    Ah, claro, o servidor merece um feriadão... enquanto o professor e o enfermeiro trabalham sem parar. Mas claro, só os que têm carteira assinada no governo merecem descanso. O resto pode se virar.

  14. Sayure D. Santos

    A fragmentação da gestão pública é um reflexo da desigualdade institucional. O que deveria ser um ato de reconhecimento vira um jogo de poder regional. E o cidadão? Ele é o último a saber o que está acontecendo.

  15. Gustavo Junior

    Essa manobra é uma fraude. O governo não valoriza o servidor. Ele só quer que o povo acredite que valoriza. E ainda por cima, transforma um dia simbólico em um evento de consumo. É triste.

  16. Henrique Seganfredo

    São Paulo e Minas transferiram? E daí? O Brasil é um só. Se o governo federal escolheu 27, todos deveriam seguir. Isso aqui é desrespeito à unidade nacional.

  17. Marcus Souza

    O mais importante é que o servidor tenha direito ao descanso, não a data. Mas se o governo quer fazer um feriadão, pelo menos que seja bem feito. Um site só com todas as datas, atualizado em tempo real. Isso seria um gesto de verdade.

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